domingo, 7 de outubro de 2012

A História de Stefan Michalak: Extraterrestres

Postado por: Marcio Droma  
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14:34


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Artigo de Aaaron Sakulich, publicado em The Iron Skeptic
Tradução gentilmente autorizada, colaboração de Vitor Moura
Comecei a ler sobre OVNIs e fenômenos paranormais quando era um garotinho. Ainda me lembro, com muita clareza, de uma das primeiras “provas irrefutáveis” que eu vi dos entusiastas de OVNIs. Naqueles dias, eu devorava tudo, acreditava sem questionar e, portanto, a imagem de um homem deitado em uma cama de hospital com uma queimadura no formato de uma grade em sua barriga, que ele alega ter sido causada pelo calor que saiu de uma nave espacial, ficou para sempre impressa em minha memória.
Encontrei essa imagem de novo hoje. O homem da foto se chama Stefan Michalak, um polonês de nascimento e canadense por imigração. O que eu não sabia na época era que a história por trás dessa imagem é tão bizarra e tão ridícula, que é absolutamente espantoso que alguém possa tê-la levado a sério algum dia.
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A data era 20 de maio de 1967. O local era um lugar chamado Falcon Lake, a 75 quilômetros ao norte da fronteira dos EUA com o Canadá, uma espécie de resort e colônia de férias em Whiteshell Provincial Park. Para aqueles de vocês não acostumados com o sistema métrico, um parque provincial é a mesma coisa que um parque estadual, e 75 quilômetros é um pouco menos de 47 milhas.
Neste dia em particular Stefan Michalak tinha saído e estava nas cercanias do parque. Na época ele trabalhava como mecânico industrial, com um profundo conhecimento de metalurgia, soldagem e coisas do tipo. Ele também era um geólogo amador. Whiteshell Park era praticamente um deserto selvagem, conhecido por suas formações geológicas e várias minas haviam sido construídas na região ao redor.
Naquela manhã Michalak havia deixado a hospedaria e chegado ao parque em torno das nove horas. Ele foi em busca de prata; vários outros geólogos haviam descoberto veios de quartzo que prometiam uma boa quantidade do metal precioso. Michalak encontrou um veio de quartzo em uma área pantanosa perto de um riacho, almoçou, e havia voltado para inspecionar os minerais quando foi surpreendido pelo som de gansos voando sobre sua cabeça. Observando o céu para vê-los voar, ficou ainda mais surpreso ao ver duas grandes naves espaciais “vermelhas, em forma de charuto” com “protuberâncias nelas”, descendo do céu azul claro num ângulo de aproximadamente 45 graus.
A nave que estava mais distante parou por um momento e depois voou para o céu, alterando suas cores do vermelho para o laranja e para o cinza, enquanto partia para o oeste. A mais próxima das duas continuou a descer, finalmente chegando a parar sobre uma rocha plana a cerca de 160 metros de distância. Ela também mudava de cor, indo do vermelho ao cinza no que parecia ser “aço inoxidável quente” envolvido por “um brilho dourado”.
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É aqui que a história fica inacreditável. Aparentemente, Michalak estava usando óculos de soldador para proteger os olhos de estilhaços de rocha esvoaçantes enquanto fazia as suas investigações geológicas na veia de quartzo. Agora eles viriam a ser úteis para protegê-lo das luzes brilhantes que reluziam de aberturas no disco voador, queimando seus olhos e criando pós-imagens vermelhas.
Ele ficou parado por cerca de meia hora, desenhando o objeto. Este tinha cerca de 12 metros de largura por 3 metros de altura, e possuía um pequeno domo no topo que tinha mais 3 metros de altura. O objeto cheirava a enxofre, que chegou ao nariz de Michalak graças a um vento quente produzido pela máquina. Havia também um zumbido, semelhante a um motor, e o som de gases assobiando.
De repente, uma porta se abriu de um lado da nave e, acima dos outros ruídos, Michalak pôde ouvir vozes humanas, embora não de forma clara o suficiente para entender as palavras, aparentemente. Ele se aproximou da nave, gritando em inglês “Ok, garotos Yankees, estão tendo problemas? Saiam e vamos ver o que podemos fazer sobre isso”. Aparentemente, neste momento ele pensava que se tratava de uma aeronave norte-americana que estava tendo alguns problemas técnicos. Quando nenhuma resposta veio, cumprimentou a nave em russo, italiano, francês, alemão, ucraniano e, novamente, em inglês.
As vozes se calaram. Sendo, aparentemente, ou o homem mais corajoso do mundo ou um idiota, de acordo com o seu ponto de vista, ele se aproximou da nave e enfiou a cabeça na porta. Do lado de dentro, ele viu luzes piscando, painéis e luzes girando como “em um computador”.
A porta, para a sua surpresa, de repente se fechou. Três compartimentos se fecharam “como um obturador de câmera” para encerrá-lo, e o disco voador deu uma espécie de pulo pequeno e engraçado. Em vez da porta, Michalak estava agora a olhar para uma espécie de grade retangular, com furos redondos espaçados. Uma explosão de gás quente saiu da abertura, pondo fogo em sua camisa e chapéu e queimando-o terrivelmente. Enquanto tentava arrancar a sua roupa em chamas, a nave silenciosamente subiu e voou em uma rajada de vento quente. Não só ele foi terrivelmente queimado, mas a sua luva derreteu quando ele tocou a superfície da nave, e depois de sua partida, ele vomitou várias vezes, sentiu-se enjoado e tudo mais.
Aqui é onde a primeira de muitas inconsistências na sua história surge. Ele e seus partidários afirmam que ele voltou para a hospedaria. No caminho, ele tentou solicitar a ajuda de um policial, que ou a) o ignorou e passou direto por ele, ou b) passou por ele, retornou e, ao ouvir a história, foi embora.
Eu digo que isso é inconsistente porque a Polícia Montada Real Canadense que supostamente “passou” por Michalak produziu um relatório detalhado. Em sua versão dos acontecimentos, Michalak acenou para ele. O policial pergunta o que está errado, e Michalak afirma que o oficial deveria ficar longe, porque ele podia estar radioativo ou contagioso, ou alguma coisa do tipo. O oficial observou que, embora ele não pudesse perceber cheiro de álcool em Michalak, ele parecia muito bêbado, com os olhos vermelhos. Ele também se recusava a responder perguntas diretas de forma coerente. Ele mostrou o seu chapéu queimado ao policial, mas quando o policial lhe perguntou por que a sua cabeça não fora queimada, ele se recusou a responder. Ele também se recusou a permitir que o o oficial olhasse a sua camisa, a qual o policial notou estar queimada. Michalak parecia que havia, nas palavras do relatório policial, “tomado substâncias negras, possivelmente cinzas de madeira, e esfregado-as em seu peito”. Em nenhum momento Michalak permitiu ao oficial chegar perto o suficiente para ver se ele estava ou não realmente queimado, e quando ele lhe fez perguntas como “se tocar a nave era quente o suficiente para derreter a sua luva, por que a sua mão não se queimou?”, ele, mal-humorado, se recusou a responder. Ele teve a gentileza de fazer um esboço da nave para o oficial, apesar do fato que ele afirmou ter feito um quando estava no lago. Por que ele simplesmente não pegou aquele e mostrou ao policial? Apenas mais uma pergunta sem resposta, que não pode ser respondida.
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Relatório do policial. Clique para ampliar a imagem
O oficial se ofereceu para dar uma carona a Michalak, que ele recusou. De acordo com o homem gravemente queimado, ele então foi até à hospedaria, mas com medo de que expusesse outras pessoas à radiação caso entrasse, foi em direção à floresta e lá ficou por um tempo. Por volta de quatro horas da tarde, a dor ficou tão intensa que ele entrou na hospedaria e pediu por um médico, só para ouvir que o médico mais próximo estava a 45 quilômetros de distância. Inserir comentário sobre Saúde Socializada [no Canadá] aqui.
Então ele pegou um ônibus de volta para casa. Mas antes disso, como todas as boas testemunhas OVNI, ele chamou um jornal e pediu-lhes uma “carona pra casa, mas sem publicidade”. Uma vez em casa, ele passou algumas semanas em recuperação, acabou perdendo o apetite (ele afirma ter perdido cerca de 20kg em 2 semanas), embora sofresse de desmaios ocasionais. As queimaduras na parte superior do peito e na testa se recuperaram rapidamente, mas aquelas em seu estômago desapareciam, voltavam, desapareciam, voltavam, várias vezes. Ele foi observado por um grupo de médicos e alguns psicólogos, que chegaram à conclusão de que ele estava relativamente livre de deficiência mental.
Deve-se notar aqui que a RCMP e investigadores quiseram ver o local de pouso alienígena. Levaram Michalak para a floresta, mas ele foi incapaz de encontrar o local, o que, com razão, levantou suspeitas nos investigadores. Mais tarde, ele entrou em contato novamente, alegando que havia encontrado o local sozinho e recuperado a sua fita métrica, algumas amostras de solo, e assim por diante. Posteriormente neste artigo, quando a questão relativa à radiação for levantada, tenha em mente que todas as amostras de solo que deram positivo para radiação foram recolhidas pelo próprio Michalak. Ele teria tido tempo suficiente para, digamos, brincar com elas.
Mais tarde, os investigadores conversaram com Michalak, e um deles tornou-se, por algum motivo desconhecido, totalmente convencido de que o homem tinha sofrido uma alucinação induzida pelo álcool e, talvez, se machucado de alguma forma desastrada, provavelmente no curso de uma brincadeira. Os entusiastas de OVNIs instantaneamente saltaram sobre esse fato como hienas sobre um peru ferido. Os investigadores oficiais eram tendenciosos, eles dizem. Eles já tinham a cabeça feita, afirmam.
Mas aqui estão os fatos simples, relativos ao processo: Michalak alegou que não só não havia bebido no dia do encontro, como que não havia bebido qualquer tipo de bebida alcoólica durante todo o final de semana. Uma verificação rápida com o barman local confirmou que, na noite anterior ao encontro, Michalak havia entrado e tomado pelo menos cinco garrafas de cerveja. Ao retornar ao local com os investigadores, eles pararam em um bar e ele tomou um bom número de “presbiterianos”, uma bebida feita com uísque destilado do centeio e metade de bebida não alcoólica condimentada com gengibre mais água. Mas, eu lhe garanto, ele não tem culpa: uma pesquisa realizada pouco antes de escrever esta frase indica que os presbiterianos são deliciosos.
Enfim, o que eu não entendo é por que Michalak iria negar de forma tão inflexível seus hábitos de consumo. Tudo o que ele tinha que dizer era “eu bebi um pouco de cerveja na noite anterior, mas isso não está relacionado com o caso”. Mas em vez disso, ele o negou firmemente, mesmo diante do barman que lhe havia servido. (Por coincidência, o entusiasta OVNI vai discorrer longamente sobre como nunca foi demonstrado que o barman seria uma ‘testemunha confiável’. Ele está fazendo a alegação de que um cara bebeu algumas cervejas; eu não preciso de uma averiguação completa de antecedentes para crer que ele poderia estar dizendo a verdade. Na verdade, em comparação com o cara dizendo que foi incendiado por pessoas do espaço, ele parece uma fonte confiável de veracidade).
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Uma coisa que os entusiastas de OVNIs gostam de frisar é o fato de que se demonstraram várias vezes que Michalak possuía um nível de radiação um pouco mais elevado do que os níveis normais, como se tivesse sido irradiado pelo que quer que fosse o gás quente do escapamento. O que eles nunca mencionam é que o investigador finalmente descobriu que o relógio tinha o mesmo nível de radiação. Naquela época, o mostrador dos relógios era pintada com tinta contendo rádio para fazê-lo brilhar fracamente no escuro e ser fácil de ler. Assim, uma das duas coisas imediatamente salta à mente: o investigador acidentalmente enviesou os resultados, mantendo o relógio muito perto do contador Geiger, ou um homem devidamente inteligente poderia ter se tornado ligeiramente radioativo através do uso de uma substância semelhante.
Claro, é possível que ele estivesse radioativo por causa de seu encontro com uma nave espacial, mas eu me pergunto: o que é mais provável? Homem esperto inventa um conto estranho, um idiota distorce os resultados dos testes de radiação, ou alienígenas viajam zilhões de milhas através do espaço apenas para fritar o geólogo?
Enfim, a história não termina com a recuperação de Michalak da doença. Não. Nem de longe. Ele levou várias equipes de pesquisadores lá uma série de vezes. Em uma ocasião, Michalak alegou ter encontrado alguns pedaços de metal “estranhos” em uma fenda perto do suposto local de pouso. Após análise, o metal em si era não-radioativo, similar na composição à prata disponível comercialmente, e coberto com uma fina camada de areia. Supostamente, o metal tinha sido encontrado sob alguns centímetros de terra e, apesar de Michalak ter “muito mais” amostras, ele permitiu aos investigadores apenas uma olhada superficial em algumas delas.
Isso por si só deve ser estranho o suficiente para ficar ressabiado deste caso todo, até onde vai a credibilidade. Então existe um cara que teve um encontro casual com uma nave espacial, meses depois ele retorna ao local e encontra facilmente alguns artefatos alienígenas bem escondidos, que acabam revelando serem compostos de materiais que você pode comprar em uma loja de ferragens, e que ele não deixa ninguém ver, mas se gaba de quantos ele tem e de como eles podem ser importantes? E acontece que o cara é um metalúrgico, você diz? Mas que puxa, com certeza ele não saberia como trabalhar com metais e produzir amostras falsas.
Em resumo, o que nós realmente temos que nesse caso? Uma história com pelo menos uma grande inconsistência (envolvendo o policial) e uma estranha incoerência (no que diz respeito à cerveja). Nós temos o que os entusiastas de OVNIs chamariam de uma prova científica incontestável (as leituras de radiação) que são altamente prováveis que tenham sido invalidadas. Nós temos uma história maluca sobre os restos dde aliens espaciais deixados para trás no local, e as ações altamente excêntricas do testemunho supostamente confiável. A única coisa que não é imediatamente explicada são as queimaduras no senhor Michalak.
E, no entanto, pergunta-se: as queimaduras dele realmente provam alguma coisa? Elas provam que ele foi queimado, e nada mais. Você não precisa de uma nave espacial pilotada por alienígenas para fazer roupas pegarem fogo. Dê-me dez minutos e uma total falta de supervisão de um adulto e posso queimar cada pedaço de roupa do seu corpo. Extraterrestres não são necessários.
E as queimaduras em seu estômago? Mais uma vez, não há nada de extraterrestre nisso. As queimaduras em seu estômago apenas provam que ele foi queimado. Isso não prova nada sobre a existência de homens do espaço. Dê-me um espremedor de batatas e uma fogueira de acampamento e posso repetir o que aconteceu com ele. Quero dizer, ajudaria se você me desse algumas bebidas alcoólicas antes ou se eu tivesse alguma profunda razão para fazê-lo, mas você captou a idéia.
Assim, se, como eu suspeito, esse caso não passa de uma história da carochinha, por que ele fez isso? Bem, vamos analisar as causas comuns. Será que ele se tornou famoso? Sim, muito. Na verdade, ele recusou uma carona para casa de um policial, e depois foi e chamou um jornal para pedir uma carona para casa. Isso não soa como as ações de um sujeito que não quer ficar famoso. Ele voltou ao local com mais e mais equipes de investigadores, participou de talk shows, e assim por diante. Ele até chegou a ser tema de um episódio de Unsolved Mysteries.
Ele se tornou rico? Não exatamente, mas ele com certeza fez uma boa tentativa nessa direção. Ele escreveu um livro, que por alguma razão foi impresso em uma tiragem limitada, em polonês. Anos mais tarde, ele expressou uma profunda raiva com o fato de ele não ter feito uma montanha de dinheiro com o livro, pelo contrário, o editor pode ter perdido dinheiro no negócio. Mas só porque ele acabou não lucrando não significa que ele não tentou ganhar dinheiro com a história. Significa apenas que ele fracassou na tentativa.
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Então ele obteve fama, excitação e tentou ficar rico. Que outras razões poderiam existir? Bem, ele havia estado no parque a princípio procurando minério de prata. Que melhor maneira de manter a competição fora da área do que alegar que você foi atacado e que quase morreu lá? Adicione às suas tentativas de convencer o mundo que o parque era altamente radioativo como resultado das atividades de alienígenas, e há tanta prova de que ele está tentando manter a concorrência afastada quanto a de que o evento realmente ocorreu. O fato de que mais tarde ele fez valer seus direitos na área certamente não prejudica a tese.
Quando tudo se resume a isso, não há nada neste caso que eu não poderia reproduzir na minha cozinha. Dê-me uma caixa de cerveja, meu fogão, e um punhado de suprimentos, e eu poderia ser Stefan Michalak. Nenhum alienígena é necessário. É possível que ele esteja dizendo a verdade, que ele tenha sido queimado por uma nave alienígena? Sim. É verdade também que todos os buracos na história e seu comportamento muito estranho apontam inequivocamente que toda essa coisa é uma obra de ficção? Sim.

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